sábado, 12 de janeiro de 2008

A historia do Mija Boi!


Na verdade, quando a minha mãe resolvia mandar lavrar a terra na Quinta do Figueiral, falava com o meu avô, marcava-se o dia e era uma festa! Dia de muito trabalho, de sol a sol, mas com uma carga emocional forte. Vinha o lavrador (o Ti Manel) com os seus bois e com a ajuda do avô a terra era virada e fresada convenientemente para as sementeiras de cada época. Comia-se muito ( o mata-bixo, as 10H, o almoço, a merenda e até a ceia/jantar). As mesas pobres à época, transfiguravam-se em lautas jornadas de bacalhau frito, coelho estufado, frangos de cabidela, etc.)Os vinhos da quinta eram omnipresentes e ajudavam a aclarar as vozes entorpecidas pelo pó da terra. Que tempos...
Só quando o Ti Manel não podia por já ter outros trabalhos ou eventualmente por doença, a minha mãe (sempre a força da minha mãe, já que o meu pai trabalhava no famoso Caga Milhões - armazém de ferragens)é que chamava outro lavrador, o substituto MijaBoi que era acompanhado sempre pela sua mulher num dueto que mais parecia uma verdadeira empresa agricola! Vinham e o pobre homem, cansado e muito tocado a copos (a sua mulher tb. aqui não se fazia rogada), quando os bois começavam a andar a ritmo demasiado elevado para si, fomentava a paragem dos ditos, sempre com a mensagem: DEIXEM MIJAR O BOI! Era como que a sua costela alentejana a falar mais alto em terras da Beira Alta...obviamente parecia que tinha três velocidades:Devagar e devagarinho/parado. Eram tempos de combóios de via estreita.Ninguém sabia o que era o stress.

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