sábado, 16 de fevereiro de 2008

Tempos de antanho...

Há anos que tenho em mente debruçar-me sobre esta faceta portuguesa diria "muito tuga" de deixar correr o tempo e esperar que as coisas se resolvam como por passe de mágica. Dos tempos de antigamnete já ficou bem esclarecido que não guardo muito boas recordaçoes...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Benfica - como se aprende a gostar!



Em Março de 1972 (eu ainda nao tinha 10 anos) o Benfica defrontou o Feyenoord para a Taça UEFA e ganhou 5-1!! Assistiram quase 70 mil almas num jogo espectacular em que tinhamos o Eusebio nacionalizado pelo regime. Na verdade, naquele tempo havia jogadores fabulosos e o Benfica era uma equipa temida e respeitada. É de lembrar que em Julho de 1972 Portugal defrontou o Brasil no grande Maracanã e jogaram 11 jogadores do "Glorioso"!!!


Bem...esta historieta serve para ilustrar como aprendi a ser benfiquista.
A minha mãe para além de salvadora de miúdos de poços, matadora de animais, trabalhadora agrícola incansável e grande defensora dos bons principios para familia, também servia de parteira às porcas e vacas da casa. Nesse dia de futebol em Março à medida que os porcos iam nascendo 1..2...3....4...etc. o Benfica ia marcando golos ao rival. Já não sei se ganhou a porca com os seus 6 ou 7 bácoros, mas ficou na memória que há muitas maneiras de aprendermos a ser quem somos e ser Benfiquista tem muitos estados de alma e diversos principios. Viva a porca da minha mãe(a porca dos bacorinhos)! Viva o Benfica!!








1971 - 1972: return thirth round EC I
Benfica - Feyenoord 5 - 1
Date
22/03/1972
Goalkeeper
Eddy Treytel
Ground
Estadio da Luz, Lissabon
Defenders
Dick SchneiderRinus IsraelTheo Laseroms (1)Theo van Duivenbode
Attendance
69.021
Midfielders
Franz Hassil Wim JansenWilem van HanegemJan Boskamp
Referee
Clive Thomas (Wales)
Forwards
Henk WeryMattie Maiwald
Cards
none
Substitutes:Schoenmaker (Hasil 58); Posthumus (Maiwald 58)
Trainer: Ernst Happel

domingo, 3 de fevereiro de 2008

O lobo cinzento na Quinta












Há longos anos a minha mãe teve um dia de sorte. Amanhando a terra para novas sementeiras, deparou-se-lhe um "cão" cinzento, de pelo luzidio e de olhos penetrantes, frios. Olhou-a nos olhos e desatou em círculos, pronto a desferir o ataque. Ela teve medo e ao ver-se encurralada desatou a gritar, com a enxada no ar afugentou o animal. Não lhe parecia verdadeiramente um cão, mas nunca tinha visto nada igual. Mais tarde veio a saber que o dito bicho tinha feito estragos nos quintais dos vizinhos e o alvoroço instalou-se. Tinha sido uma visita de uma loba, tal como todos referiram à época e ela tinha tido um encontro de grande aflição. Podia-lhe ter saído caro...
Lembra-se que Viseu, e as suas quintas ao redor da Cava do Viriato, mais parecia uma aldeia rural nos idos anos sessenta/setenta e a procura de comida custava a todos. Visitas de lobos não era muito usual, mas de raposas, texugos, furões, doninhas, etc. era muito comum naquele tempo.






Características
O lobo é um animal selvagem, mamífero, aparentado com o chacal e o cachorro doméstico. É carnívoro e pode medir até 1,60 m de comprimento, incluindo a cauda (de 45 cm), e geralmente tem 85 cm de altura. Pesa em média 50 ou 60 kg. Tem dentes muito poderosos e cauda peluda. Diferencia-se do cachorro doméstico por determinadas características dos ossos do crânio. O lobo tem os flancos finos, ossos e músculos salientes. Os olhos, brilhantes como brasas, não são dispostos horizontalmente, como os dos cães, mas em linha oblíqua. Vive em média de 16 a 20 anos, e pode correr a 45 km/h.http://www.webciencia.com/

Incendios em casa !!


Nunca percebi muito bem a razão da casa da Quinta do Figueiral não ter ardido por diversas vezes. Num qualquer dia dos anos 60 ou 70 a minha mãe andava a semear umas ervilhas no fundo da quinta e deixou uma panela ao lume, esquecida! Nós (os 4 mais novos) ficámos em casa e com enorme angústia resolvi dar o alarme à minha mãe.Corri pelo velho caminho da quinta e gritei: Mãe - a casa está a arder, mas não se preoucupe que eu já trouxe os meus irmãos para junto do poço! Ela correu como uma louca e acabou rapidamente por dominar o pequeno incendio que da panela já se tinha propagado às traves da cozinha. Consta que ela atirou com a panela onde cozia os tremoços num gesto de grande desespero, mas funcional. A minha mãe era assim, nada lhe metia medo. Se tinha que matar uma cabra, matava! Se tinha que abater um cão, um gato ou qualquer bicho que perturbasse o sossego e a modorra da quinta, ela encomendava-lhes a "alma ao Criador". Fazia-lhes o famoso "bolo" e "foi um toiro que os matou". Um simples incêndio não lhe metia, obviamente, qualquer medo.

Um miúdo no poço!


Há que fazer justiça à minha mãe e acrescentar aqui mais uma prova da grande força que a ela teve sempre. Quando um dia mudava fraldas à minha irmã, o meu irmão mais novo ( o tal que teria nascido à porta do Café Paris!!), resolveu ir apanhar moscas para junto do poço à beira da casa. Tradicionalmente aquele poço tinha uma nora ou como se chamava em casa o "estanca-rios"(Engenho composto de rodas dentadas que se engrenam e que serve para extrair água de poços, rios etc.através de baldes). Funcionou durante muitos anos ...e num célebre dia foi a ajuda preciosa. Enquanto apanhava moscas o puto acabou por cair ao poço para desespero da minha mãe. Com força indómita, ela desceu pela nora e com um ancinho agarrou o desgraçado que estava ainda submerso. Foi a sua salvação e a sorte foi-o protegendo durante a vida fora...Como diria o outro a sorte dá muito trabalho!


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O Homem na Lua e o Jogo do Prego


Na Escola Primária de Santiago, havia um recreio grande em terra batida que nos intervalos das aulas ficava pejado de miúdos sedentos de brincadeiras típicas daqueles tempos de finais de 60 do sec.XX. (Recorda-se desse tempo a ida do homem à Lua em 21/7/69...vimos na tv do café da Tia Deolinda o pretenso passeio de Neil Amstrong). Na Escola do prof Rocha e do prof Amancio (nao é o tipo da mota V5) eu e o meu irmão frequentávamos anos diferentes (eu andava na 2 ou 3ª e o Zé na 1ª) e quando se abria a porta ao intervalo, corríamos que nem loucos para jogar a bola ou o prego. Um dia a minha mãe comprou ao meu irmão uns botins pretos de borracha, típicos daqueles tempos e ele levou-os para a escola todo orgulhoso.Quando jogávamos espetando o prego no chão conquistando áreas definidas, o Campos enfiou-lhe com uma chave de fendas ( um dos instrumentos evoluidos do jogo do prego!) num dos botins e furou-o! O sangue brotava pelo buraco como se fosse um geiser e ele chorava de medo ...os botins eram novos e a minha mãe ia por a funcionar a habitual mangueira!Afinal o dinheiro custava a ganhar e aqueles "Nike" eram a fina flor das galochas!
Resolvemos inventar e, com fósforos, resolvemos queimar os botins e soldar o buraco...autenticos artistas.
Aquela obra ficou um verdadeiro desastre na arte do disfarce e a minha mãe não perdoou!A mangueira abateu-se pela enésima vez nos costelados do povo irrequieto, mas tudo passava depressa e isso fazia parte da educação e do rigor daquela época.
Ah! Normalmente antes das mangueiradas dávamos uma volta à quinta fugindo da minha mãe..como ela corria -uma autentica corredoura de fundo

Tempos ...